Assim que fiquei sabendo a respeito
dos atentados ocorridos em Paris gelei. Não paramos para pensar que poderia ser
qualquer um de nós. Poderia ser qualquer um de nós que estava passeando em
Paris com a família, com o namorado, com a namorada, com os filhos. Poderia ser
qualquer um atingido por uma catástrofe (causada por humanos) como essa.
E
quem disse que não haviam pessoas passeando? Quem disse que um casal não tinha
acabado de virar noivos e pretendia se casar? Quem disse que um adolescente não
estava em intercâmbio para aprender uma língua nova? Quem disse que uma criança
não estava aprendendo a escrever? Quem disse que alguém não estava em sua
primeira viagem internacional? Quem disse que uma jovem não tinha acabado de
conseguir um emprego? E, acima de tudo, quem disse que essas pessoas não
mereciam viver?
Agora,
o casal não vai mais se casar. O adolescente não vai aprender francês. A criança
nunca vai saber escrever. Não haverá outras viagens internacionais. Outra
pessoa ficará com aquele emprego. E eles, não viverão mais.
Eles
não vão mais ser felizes, não vão mais ser tristes, não vão mais ler, não vão
mais cantar, não vão mais estudar. Também não vão brincar, se divertir, sair,
beber, fumar, casar, viajar, correr ou rir. Eles simplesmente não vão, porque
não podem, porque não estão mais aqui, porque foram interrompidos.
Ninguém
tem o direito de ser interrompido, não importa o tamanho da situação que
vivemos. Talvez uma pessoa que estava ali poderia descobrir a cura para o
câncer, outra viraria uma atriz famosa, outra teria filhos e uma família feliz.
Todos temos nosso caminho a percorrer, independente de sua grandeza para os
outros, porque para nós, ele é o maior, e precisa ser trilhado por nós mesmos.
Cada
um precisa seguir seu próprio caminho. Cada um precisa saber fazer suas escolhas.
Cada um precisa achar o que gosta. Cada um tem que correr atrás dos sonhos.
Cada um tem que achar sua felicidade. Cada um tem que aprender a viver, e não
sobreviver. E só vivendo, e não sobrevivendo, que podemos melhorar esse mundo
repleto de caos, e com o tempo, fazer bombas se tornarem flores.
Dedico
esse texto a todas as vítimas da tragédia dessa sexta-feira (13/11) em Paris,
na qual deixou centenas de mortos. Eu sou uma das que acredita ainda haverá mais
bem no mundo do que mal, e um dia ele não existirá mais.
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